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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

ANGÉLICO


Tita

29.06.11

 

 

Pois eu não tenho nada a ver com estes números mas o Angélico morreu (http://www.jn.pt/PaginaInicial/Media/Interior.aspx?content_id=1891230). Não sei o que significa “estrela” e “famoso” nos termos usados pelas revistas que usam exaustivamente estes termos.

 

Sandro Milton Angélico Vieira? Desde ontem que ando estupefacta com o nome. De qualquer modo, tinha um ar angélico tinha. O que é que hei-de dizer mais? De qualquer modo, a morte deste homem afectou-me. Bastante. No meu entender era o molde e o modelo de todas as figuras “famosas” que só se conhecem para cá de Badajoz e que dão entrevistas personalizadas no âmbito daqueles programas da tarde que passam na televisão para forçar o brilho das “estrelas”.

 

Não sei quem era. Em si. Na sua vida. Na parte própria. Sei que na outra parte transpirava mediocridade e era um exemplo a seguir. Por ser um exemplo de mediocridade a seguir, resolvi detestá-lo enquanto personagem tipo. Para mim o Angélico era a própria Rita Pereira, a Sónia Brazão, o não sei quantos não sei que mais de não estou a ver e também o Zé… que também faz novelas ou apresenta coisas na televisão (http://www.myspace.com/angelicovieira).

 

É terrível. Não me lembro do nome de ninguém destas pessoas de quem queria falar. É que não os conheço. Tudo o que sei sobre eles apareceu-me por acaso. E não estou disposta a ir agora pesquisar. Só me vem à cabeça uma entrevista da Rita Guerra que fiquei a ver porque passei pela SIC quando ela estava a chorar. Aparentemente, não tinha motivos para isso. Mas chorava. Até parecia que o guião do programa impunha aquela cena. Lágrimas. Líquido. O líquido costuma brilhar. Se não brilha mais nada… Estamos a falar de estrelas, não é? Brilham as estrelas. Pois.

 

Estrelas. A que propósito? As pessoas não são estrelas. Nenhuma pessoa é. Nem que seja especialmente dotada e mundialmente conhecida. As pessoas são gente e morrem em acidentes de viação. As pessoas não são mundialmente conhecidas porque não há razão nenhuma para isso e morrem em acidentes de viação. As pessoas são conhecidas por alguns ou muitos num pequeno país onde o meio artístico é composto maioritariamente por subdotados e morrem em acidentes de viação. Nunca vi nenhuma estrela a conduzir um automóvel. Por outro lado, talvez a estrela mais famosa do mundo seja a Estrela Polar.

 

Não sei o que significava Angélico para os seus admiradores. Nem sei bem quem são, imaginando porém que se trata maioritariamente de meninas subquinze. Mas não tenho de facto a certeza. Fiquei lixada porque detestava o rapaz na sua parte pública que eu mal via (http://www.publico.pt/Sociedade/centenas-de-pessoas-acompanharam-cortejo-funebre-de-angelico_1500890).

 

Para que nos metemos a detestar o que não nos interessa? Estava por acaso preocupada com os valores que norteiam o comportamento das gerações mais jovens? Ser bonito, ser cool, ser conhecido, ir a festas, ser desejado, ter muitos amigos, ter um público, ter um BMW descapotável nas mãos… Isto são valores? E sonhos, objectivos de vida, são sonhos? E a vida comanda-se por estas coisas? Pois. Detestava o Angélico naquilo que se podia saber dele e eu sabia pouco. Era só uma forma de canalizar a agressividade. Tenho tanta pena de o ter escolhido como o exemplo vivo das coisas que eu desprezo profundamente. Porque ele morreu.

 

Por fim, se as pessoas são subtrinta é natural que ainda tenham pais. A dor da morte de um filho é algo que eu não posso imaginar. Sei apenas que este é o ponto essencial da questão. A mãe do Angélico. E depois o sofrimento das demais pessoas que sinceramente o amavam. O que se pode dizer sobre isto? Que é uma dor privada? Sim. E não há coragem para dizer mais nada. Porque nem sequer temos o direito de dizer.

 

De qualquer forma, acho que nunca mais vou detestar ninguém “famoso” da “Flash”. No mais, Angélico tinha de facto um olhar meigo e um sorriso doce. Incontestavelmente.

 

Resta-me pedir sinceras desculpas por não ser diferente e vir para aqui falar de mim.

 

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