Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAVACO VETA CASAMENTO HOMOSSEXUAL: É o que me parece


Tita

29.04.10

  

 

Parece-me que o Presidente da República vai vetar o Decreto n.º 9/XI da Assembleia da República, que permite o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Se não vetar é um incoerente! Portanto, vai vetar. Parece-me que sim. Não que daí venha grande mal ao mundo. Ele veta, a proposta volta à AR, e o diploma passa com maioria simples. Depois, Cavaco Silva não tem outro remédio senão respeitar os procedimentos constitucionais até à publicação do diploma. Portanto. Haverá um pequeno atraso, e nada mais.

 

Mas ele tem de vetar, de igual modo. Mesmo perante a inocuidade prática de tal comportamento. Como disse, é uma questão de coerência. O Presidente mandou o Decreto para o Tribunal Constitucional por motivos que, em termos práticos e genéricos, têm basicamente a ver com questões morais. Claro que as intenções presidenciais tinham que "chumbar" porque o direito se rege pouco ou nada por imperativos morais, e mais por critérios técnico-jurídicos rigorosos. Ontem foi publicado no Diário da República o Acórdão n.º 121/2010 do TC.  Vale a pena ler o requerimento enviado pela Presidência da República para o Tribunal Constitucional, e, já agora o Acórdão, claro. Ontem fiz isso tudo, malgrado as 17 páginas. Não faz mal. Sou jurista. Já estou habituada.

 

No entanto, para quem não é, o que importa são os extractos. E para mim, que sou, importam-me os que fazem rir os juristas e os não. Para começar, o TC tem imenso sentido de humor. Não, não estou a brincar. A única dúvida que me assalta é que não sei bem se é um bem (bem, disse bem) que afecta o colectivo ou se cada juiz individualmente considerado também é assim. Não sei, sei que o TC tem um sentido de humor arrasador. E então vamos lá aos extractos:

 

O requerimento da Presidência da República:

 

"De resto, para concluir pela existência neste domínio, de uma imposição  ditada pelo n.º 2 do artigo 13.º da Lei Fundamental seria necessário densificar previamente o conceito constitucional de orientação sexual. Com efeito, só esta densificação permitiria saber, com segurança, se a configuração agora dada ao instituto do casamento pelo Decreto... não implicaria, porventura, a violação do principio da igualdade, ao não conferir idêntico tratamento a outras formas possíveis de orientação sexual..."

 

 "Esta  necessidade de densificação do conceito de orientação sexual torna-se ainda mais patente quando o regime do artigo 1577.º... exige, na sua literalidade, a diferença de sexo dos nubentes, mas não uma específica orientação sexual. É, pois, essencial saber emque consiste orientação sexual..." 

 

Agora paramos aqui um bocadinho para rir. LooooooooooooooooooooooooooooooooooooL. Já está! E prosseguimos com um último argumento do requerimento em análise, que, no contexto lol, vale a pena sublinhar:

 

"...é indesmentível que o conceito constitucional de casamento impregnou a ordem jurídica portuguesa com a sua força irradiante".

 

"Não existindo uma definição constitucional expressa do conceito de casamento, é forçoso concluir que a Lei Fundamental procedeu a uma recepção do conceito histórico de casamento como uma união entre duas pessoas de sexo diferente..."

 

"Independentemente de determinar a partir de que fonte ou fontes foi recebido na Constituição o conceito de casamento... coloca-se... a questão de saber se a diferenciação do sexo dos nubentes não corresponde ao conceito de casamento  - e, reflexamente, de família - acolhido na Lei Fundamental, desde a sua versão originária".   

 

E são estes os argumentos mais interessantes do requerimento do PR ao TC. Agora vou parar de escrever. Tenho que rir mais um bocado. E, em seguida, devo trabalhar. Continuarei este post amanhã. Vêm ai as reacções do Tribunal Constitucional.

 

De volta, então, com a resposta do TC à Presidência. Vejamos:

 

"Importa, ainda, notar que o objecto da nova regulação é o casamento civil e não o casamento católico ou o casamento celebrado segundo os ritos de outra religião".

 

Gostei logo deste ponto de ordem à mesa.

 

"Sem que importe agora caracterizar o nosso sistema matrimonial quanto a saber se o casamento católico é admitido no direito português como outra forma de celebração ou, mais do que isso, como um instituto diferente..."

 

Eles disseram um instituto diferente? Eles disseram diferente????????? E estavam a referir-se ao casamento católico? Sim! Preciso de uma pausa. Pausa. Já está. continuando:

 

"Refere-se o pedido a uma hipotética violação do principio da iguladade que poderia resultar da configuração agora dada ao instituto do casamento pelo Decreto... contemplar o relacionamento homossexual e não conferir idêntico tratamento a outras formas possíveis de orientação sexual".

 

Confesso que aqui fiquei muito expectante sobre o que viria em seguida. E o que veio fez-me morrer de inveja porque, quando li o requerimento, fiquei tão destrambelhada com a questão, que nem um projecto de resposta tinha no meu espírito (por vezes sucedem-me estas coisas). E eis que:

 

"Não vindo esta argumentação desenvolvida e não se vislumbrando que concretas formas de orientação sexual se tem em vista e que possam assumir foros de relevância no espaço público em ordem a justificar a consideração pelo legislador, não estão reunidas as condições que o Tribunal aprecie este argumento".

 

Na minha opinião modesta, só isto chegava, mas não contentes, os juizes do TC ainda adiantaram:

 

"O ponto fulcral da alteração legislativa que justifica a interrogação de constitucionalidade é a identidade ou diversidade do sexo dos cônjuges. A esta questão de constitucionalidade não interessam todas as diferenças e variações que possam existir nas manifestações hetero e homossexuais e respectivas consequências jurídicas, mas tão somente que duas pessoas do mesmo sexo possam desposar-se".

 

E o tiro final:

 

"Por outro lado, não se torna necessário proceder à explicitação ou densificação do conceito de orientação sexual, nomeadamente enquanto categoria suspeita...".

 

Categoria suspeita! Loooooooooooooooooool!!!!!!!!!!!!!!!!!! A partir daqui ja não parei de rir. O resto do acordão é cheio de tecnicidades, exemplos do direito comparado e mais uns quids que não vêm agora ao caso. Porém, tudo para chegar à conclusão que não existia incontitucionalidade detetável em lado nenhum. E portanto:

 

"De todo o exposto resulta que devem ser julgadas improcedentes as dúvidas de constitucionalidade..."

 

Evidentemente.

 

É claro que este Decreto tem uma incostitucionalidade. Aquela norma que proibe a adopção por casais homossexuais. Porém, o requerimento, tendo-lhe feito alusão, não foi por onde não lhe convinha. Donde, o TC, e quanto à questão, exprimiu-se, logo a abrir, nos seguintes termos:

 

"Contendo o Decreto... um preceito relativo à adopção... e aludindo o discurso fundamentador à sua eventual inconstitucionalidade, o requerimento sublinha, porém, que só as restantes normas do Decreto são objecto do pedido de fiscalização preventiva... Está, pois, fora do objecto de apreciação pelo Tribunal..." esta questão.

 

Claro que o TC só se pode pronunciar sobre a matéria do pedido. Aqui não há novidade. O que é de espantar é que o requerimento da Presidência tem inscrito um pequenino apontamento sobre a questão. Como é isto possível? Então se toda a argumentação gira em torno da inadmissibilidade do casamento homossexual, como vir dizer que é inconstitucional proibir os casais gays de adoptar? Exactamente, o requerimento não disse. Mas deixou a coisa como que a pairar. Não sei para quê. Certamente não era a ver se pegava. Creio eu.

 

Pessoalmente, acredito que se a inconstitucionalidade tem sido suscitada pela solução da proibição da adopção, o Decreto voltava direitinho para a Assembleia da República. E aí o diploma jamais seria aprovado. Na verdade, a expuragação da inconstitucionalidade pelos deputados equivaleria à proposta apresentada pelo Bloco de Esquerda, e que foi chumbada.

 

E foi assim, que os puritanos perderam uma oportunidade de manter o satus quo. Só para serem coerentes. Assim, o Presidente da República vai vetar o Decreto. Para manter a coerência. E se não o fizer, eu perco o respeito por ele. Assim como perco esta aposta, pois então!

 

 

AUTOESTIMA, AMÁLIA, CASAMENTO HOMOSSEXUAL, PROFISSÃO


Tita

03.01.10

 

 

O que pode suceder quando uma pessoas se engana? Na profissão, quero dizer. Em princípio uma formação depois do secundários define um caminho e representa uma possibilidade de escolha prévia. Em principio, vamos para o curso de que gostamos. Em principio, isto não é verdade na maior parte dos casos. Mas, também em principio, não constitui grande tragédia porque, igualmente, na maior parte dos casos, as pessoas vão levando as coisas tranquilamente. O importante é ter emprego.  E é mesmo.

 

Mas... e quando odiamos o curso que escolhemos? Em princípio, vamos odiar a profissão que tivermos, se estiver relacionada com ele. Não importa se executamos bem as tarefas profissionais. Importa se não executamos bem as tarefas profissionais. Porque não gostamos mesmo nada delas. É muito dificil fazer por muito tempo o que  não se gosta. Há um momento em que o cansaço nos bate. E já não nos importa muito. O resultado do trabalho. O mau resultado. Mas as consequências importam. Vêm juntar-se ao monte. Há um monte constituido pela frustração que depois se acumula com a baixa autoestima.

 

A autoestima é algo  que se tem ou não se tem. Creio que se adquire em determinado momento crucial da vida. Lá muito para trás. Se não foi aí, tudo vai depender do  que vier depois. Claro que as grandes realizações pessoais nunca vão encher ninguem de autoestima. Vão só conferir algum contentamento pessoal.

 

A Amália aguentou o que pôde porque  era um fenómeno mundialmente reconhecido. Mas a autosestima que não tinha lixou-a muitissimo. Podia ter sido muito pior para o ser humano que ela era se Deus não lhe tem dado aquela voz.

 

Também os gays que um dia se viram entre aquele grupo de seres humanos cheios de sorte (aqueles que experienciaram as vivencias certas para andarem na vida cheios de autoestima), também estes gays, dizia, perderam alguma parte desse amor prórprio. Só por serem gays. É verdade, a Amália ganhou alguma autoestima por ser quem era sem o querer ser mas porque Deus quis. E os gays cheios de amor próprio, só por serem gays, em cumprimento da vontade divina, perderam alguma da sua autoestima por serem o que são. Por nascerem com uma característica. Bem sei que não se trata exactamente de um talento. Mas a comparação faz sentido.

 

O pior ainda são os gays sem autoestima de base. Depois ainda por cima vêm a compreender que são gays. Sem mais, há que afirmar que aqui a vida terá de ser por demais dificil. A menos que sejam gays famosos e bem sucedidos como a Amália foi famosa e bem sucedida. Mas como a Amália não houve outro português. Tão bem aceite no mundo, quero dizer. Mas o António Variações era gay, ao que consta. E tinha Amalia na voz. Como todos nós. Só que uma pessoa sem autoestima que é gay é que está lixada.

 

Mas ainda mais trágico é ser mulher, negra, gay, prostituta nas horas livres e profissional de alguma coisa que detesta nas horas de trabalho. E pior do que isto é nascer num cenário de guerra e não ter água potável, comida, medicamentos e um rancho de filhos famintos. Pior é morrer de dor de câncro sem morfina pra aliviar. Ir morrendo devagarinho, que é para que nada se perca. Da aprendizagem da dor.

 

Havemos de ir para o  outro mundo cheios de sabedoria. É por isso que aqui estamos, O mundo é um inferno incontronável visto como o globo que inconstestavelmente é. Não importam as Caraíbas e quaisquer pequenos paraisos onde nos recolhemos de quando em vez. Mesmo que as Caraíbas sejam na nossa casa. O mundo como um globo stinks. Não existe, pois, a felicidade global. Só a nano felicidade. A minha, a tua, a dele, a dela, a nossa, a vossa e a deles. Poucos somos. E somos à vez. A maioria dos seres do globo não está bem. Porém, tudo isto corresponde a um plano. Quando morrermos vamos para o Céu. Desde que sejamos bonzinhos aqui na Terra. Este é o planeta do sofrimento. Da expiação dos pecados. Um lugar de transição. Um ponto de escolha dos eleitos. Tudo por culpa de uma cobra, uma mulher e uma maçã. Haja poder! A serprente é venenosa, a mulher é insidiosa e a maçã é boa para manter a linha feminina. Como se vê, e porque estes elementos se mantêm no globo, o globo está na desgraça que está.

 

Ser bonzinho é fazer bem aos e para os outros. E também tem que saber perdoar. Por isso a mulher e a serprente já há muito que foram perdoadas e as maçãs vendem-se muito. Quem for contra o casamento gay não é bom e não vai, por isso, para o Céu. Os gays são pessoas que também podem não ter autoestima, que se agrava por serem gays, a qual não se repõe porque podem não vir a ser famosos ou bem sucedidos e pode mesmo tornar-se numa tragédia porque podem detestar a profissão que têm. As lésbicas também devem poder casar porque são mulheres e, como disse, já estão perdoadas.

 

Detestar o trabalho que se faz é algo ruinoso do ponto de vista espiritual. Sobretudo quando se sabe que existem coisas para fazer que poderiam dar grande prazer e, por consequência, um grande contributo para o bem comum. Cada contribuição é uma parte do todo sem a qual o todo não está completo e perfeito, como se sabe. Dai que todos perdemos com tantas pessoas desaproveitadas que por ai há. Não é so o frustrado que se lixa, pois então. Embora se lixe infinitamente mais do que os outros e o mundo vai girando porque as pessoas não falam entre si. Não se confessam. De contrário, 90% da população mundial acordava para uma realidade inaceitável.

 

Eu sou contra concordar ou discordar com o casamento gay/lésbico. Eu não tenho nada a ver com isso. Ninguém tem. Na verdade, ninguem tem nada que ver com o casamento de ninguém, à parte dos directamente interessados. É por isso que o casamento homossexual tem de ser legal. Temos de lembrar que o casamento heteressexual é legal. Por outro lado,  ninguém vai dizer às pessoas não homossexuais para ser casarem ou deixarem de o fazer. É problema delas. Assunto privado.

 

Os heterossexuais não têm que se arrepiar com os casamentos dos homossexuais. Porque não são obrigados a ir à boda. E também não vão ser pedidos em casamento. Parece-me que os heterossexuais são contra o casamento dos homossexuais porque é o principio da igualdade que está em causa. Ora, os heterossexuais têm medo de vir a ser iguais aos homossexuais. 

 

Em conclusão, os gays são pessoas comos as outras que detestam o trabalho que fazem,   têm problemas nas suas vidas amorosas, doenças e azares de toda a espécie. Coisas do mais heterossexual que há. Ora, tantos empurrões no amor proprio das pessoas pode atirá-las para as drogas, para o crime ou para a depressão. Especialmente se forem gays porque são grupo de risco no que toca à possibilidade de contrairem problemas de autoestima.

 

GAY AMERICAN IDOL


Tita

14.09.08

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Toda a gente sabe que um ídolo americano acaba por se tornar um ídolo mundial. Portanto, um programa televisivo com este nome obriga-nos a estar atentos. Para além disso, eu já gostava (e continuo a gostar, esperando ansiosamente nova edição)  dos "Ídolos". Ou seja, a versão portuguesa da coisa.

 

Neste show televisivo o que realmente me encanta são os "castings". O que demais se lhes segue, acontece dentro da linha normal daquilo que são todos os programas do mesmo género. Assim, pode ser perfeitamente ignorado.

 

Estive, cheia de entusiasmo, a ver as audições do "American Idol" que correram no Texas e na Califórnia. Que maravilha! Foram tantas coisas espantosas que aconteceram, que não tenho tempo nem espaço para estar aqui a reproduzi-las. De qualquer modo, e para o assunto que neste momento me motiva, vale a pena falar de um jovem obviamente gay, visivelmente gordo, com um incompreensível visual hippie, o qual se achava especialmente talentoso e espiritualmente superior aos demais seres humanos que habitam o planeta - o que condiz mais ou menos com a filosofia do "flower power". Este rapaz não cantava nada. O seu objectivo também não era provar o contrário. O que ele queria era mostrar à América, e por consequência ao mundo, que era um extraordinário compositor. Sobretudo, um grande poeta. Assim, decidiu levar ao júri uma música da sua própria autoria. Infelizmente para ele não o deixaram sair do primeiro verso. Este facto causou-lhe visível irritação e, depois, uma mágoa tão profunda que o mergulhou num vale de lágrimas. No entanto, como era essencialmente uma boa pessoa, perdoou, e, tendo-lhe sido concedido pela produção do programa a possibilidade de viver um "great finale",  saiu apoteoticamente numa espantosa exibição de qualquer coisa que se assemelhava a uma corrida pacífica para a liberdade, ou lá o que era aquilo que aconteceu perante as câmaras.

 

Do pouco que foi possível ouvir da composição deste candidato, pude concluir que era tudo péssimo: música e letra. A questão é que ele não acreditava nisto, antes pelo contrário. Ora, é este aspecto que me deixou a pensar (correctamente, ou não) que alguns gays, antes de perceberem que o são, constatam que são pessoas diferentes dos demais, logo que são especiais.  

 

LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS E TRANSGÉNEROS


Tita

28.09.07

 

O movimento LGBT! Lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros. Todos diferentes todos iguais. Sim. Trata-se de uma sigla de designação cujo escopo é agrupar pessoas em distintivos conjuntos de género, fingindo que não é isso. Pois. Não chega o género biológico – homem ou mulher. É preciso dizer claramente que dentro do universo das pessoas diferentes existem subgrupos altamente diferenciados entre si.

 

Por exemplo, o que distingue uma lésbica de um homossexual? E porque é que se chama gay a um homossexual, dentro de um contexto destes? As lésbicas e os gays são pessoas com a mesma orientação sexual. Ou seja, desenvolvem as suas relações sexuais-afectivas com pessoas do mesmo sexo. Gay quer dizer alegre, bem disposto, divertido, e por aí. Já uma lésbica é uma disciplinada seguidora da rainha da ilha de Lesbos, Safo. Ora, que  em Lesbos as suas naturais fossem todas lésbicas é indiscutível. Mas é tão verdade como o facto de todos os homens de lá serem lésbicos – e toda a gente sabe que por lá os havia, malgrado estar a falar de uma lenda. Como todos os nacionais de Portugal são portugueses. Enfim, porque não incluir já na sigla o P? LGBTP. Lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e portugueses. Quanto aos gays, que, quando não se recorre ao anglicanismo, são simplesmente homossexuais, são sempre alegres (gays). É incompreensível. A menos que os homossexuais homens deprimidos afinal não o sejam realmente. Gays, quero dizer. Enfim, este pode ser um raciocínio que ajude a resolver os problemas interiores de aceitação pessoal de muita gente. Bom, mas então, talvez a sigla LGBT devesse conter uma pequena concretização do género: L(G(se não for deprimido em sentido amplo)BT). Ficamos, pois, com uma coisa semelhante a uma fórmula matemática. E isto, confesso, já me transcende.

 
Em jeito de resumo parcial, podemos concluir que as lésbicas não são homossexuais e que os homossexuais só o são se forem pessoas bem dispostas, bem como que os portugueses também têm direito a estarem inseridos numa sigla representativa de um movimento sobre direitos dos desfavorecidos da espécie que se entenda.
 
Sobre os bissexuais. Admitindo obrigatoriamente que parte da sua orientação sexual-afectiva está virada para pessoas do mesmo sexo, é necessário distinguir, para os efeitos do que se disse atrás, se são mulheres ou homens e se, dentro destes últimos, se são pessoas alegres e bem disposta. Por aqui se começa a perceber o quão maiores são as dificuldades dos bissexuais. Mas, mais importante, é a questão de saber o que fazer com o lado heterossexual desta gente. Como é possível introduzir um aspecto adjectivante altamente louvado socialmente com outro que suscita tantas ganas de afirmação contra o preconceito da sociedade? Metidos na sigla LGBT, e dentro do respectivo movimento, os bissexuais são pessoas apenas consideradas pela metade? São perguntas. Só perguntas! Outra pergunta: não seria mais coerente falar apenas de homossexuais ponto? E a sigla poderia ser HT. O que, nos deixaria perante uma coisa semelhante a um símbolo químico. E por aqui eu não vou entrar. Pela química, quero dizer. De qualquer maneira é de acrescentar que, segundo informações cientificas fidedignas, não existem bissexuais, mas homossexuais afectivamente mal resolvidos.

 
Finalmente os transgéneros ou transexuais. Transgéneros confunde-nos logo com os alimentos transgénicos, que tanta controvérsia têm levantado por virtude do mal que podem fazer à saúde. Bom, mas o que têm a ver os transexuais com os homossexuais se o que se passa com estas pessoas se relaciona com um problema crucial de falta de identidade entre o sexo biológico e o sexo psicológico? Trata-se de uma questão grave, difícil, mas puramente médica, que deve, portanto, ser resolvida pelos médicos. Estas pessoas não são, em princípio, homossexuais. Na realidade, são mesmo, na sua maioria, heterossexuais. Basta observar para concluir assim. Seria muito importante encarar-se esta questão com lucidez, já que a comunidade cientifica é unânime na matéria. As pessoas com um problema de transexualidade deveriam poder mudar de sexo e de identidade naturalmente e com todo o apoio possível do Estado. Tudo o que de contrário se passa é incompreensível, aviltante e desumano. Tentar integrar os transexuais em movimentos e outros âmbito de índole homossexual só contribui para agudizar o problema das pessoas porque, logo à partida, contribui para aprofundar a confusão.
 
E posto isto a sigla LGBT… Bom, deixa de ser sigla porque só tem uma letra H. Ora H pode significar muitas coisas, como hora H. Ou hidrogénio. Ou homossexual apenas. Homossexual apenas. Nenhum movimento pelos direitos ao que quer que seja que se preze admite ter uma sigla com uma letra apenas. O movimento H. Pois. Deve ser isso.
 

HUMOR e HOMOFOBIA


Tita

07.03.07

 

 

A homofobia é uma fobia. Logo, um medo irracional. No caso, é um medo irracional aos homossexuais. Conheço algumas pessoas, poucas, que têm aracnofobia. O que consiste num medo irracional às aranhas. Bom, se o medo é irracional, é porque não está razoavelmente fundado. Daí as reacções irracionais que o medo irracional despoleta. Por causa das aranhas já vi pessoas a pular e a gritar,como se houvesse incêndio na sua própria  roupa do corpo. Outras ficam muito caladas, com o olhar fixo no abstracto e o corpo rígido. Percebe-se a aceleração cardíaca. Não dizem nada. Estão mortas. De medo. Ainda um terceiro tipo: estas reagem. Pisam a aranha num assomo de agressividade sem precedentes. São impulsionados pela tensão nervosa extrema incontrolável. Mesmo depois do esmagamento da carcaça do bicho não descansam. A ideia é fazer eclipsar também os seus restos mortais. 

 

Não me lembro de algumas vez assistir a uma crise de homofobia ao vivo. Mas já li nos livros e já vi nos filmes, na televisão e na internet. Por vezes, o homofóbico salta sobre a aranha e desata a pontapeá-la. A ver se a mata de vez. Noutras circunstâncias, o homofóbico sai a correr. Há, ainda casos, em que é dominado por uma crise de catatonia. Fica tenso e calado, repetindo sempre o mesmo gesto reiteradamente. Este gesto é tipicamente o do "saltinho para o lado e enxotar", "saltinho para o lado e enxotar", "saltinho para o lado e enxotar", "saltinho para o lado e...".

 

Obviamente, há qualquer coisa de neurótico na homofobia. Como na aracnofobia. Como em qualquer fobia. A neura é tanto maior quanto menos razoáveis e desporpocionadas são as respectivas reacções. A visita a um médico é a melhor solução para quem abriga uma fobia já demasiado insustentável, com graves reprecussões na sua vida quotidiana.

 

Poderia pensar-se que há aqui alguma coisa de homofóbico. Nisto que vou fazer em seguida. Mas não há.  A matéria não é minha. E para o que importa tem graça. Não posso deixar de mostrá-la e comentá-la. Só porque possa parecer politicamente incorrecta. O que tem graça é para rir. Se é para rir, vamos rir. Com certeza que há limites. O mais importante é o da dignidade das pessoas. Nunca vi ninguém sentir-se menos digno só porque teve esta ou aquela atitude ridícula. O ridículo é humor porque faz rir. A noção do próprio ridículo é muito difícil de apreender. Falta-me muitas vezes. Conforta-me o facto de saber que não estou só.

 

Segue-se, em reprodução, uma matéria riquíssima. Tão rica que podem sem dificuldade retirar-se meia duzia de valiosos outputs. Porém, para mim basta o nome do personagem principal. Mardoqueu. Isto, este nome, estou certa, é o resultado do hábito que todos os brasileiros têm de evitar dar nomes portugueses aos filhos. Preferencialmente, escolhem nomes americanos. Como Maicon, por exemplo. Escreve-se Michael. Mas eles ouvem Maicon. Logo, Maicon é. No caso em análise, a origem tem de ser Murddock. Os pais decidiram que haveria de ser Murddock. Não sabiam escrever, logo seria como soava: Mardoque. Quem colocou ali o u final e criou um Mardoqueu, não sei. De qualquer modo, o nome da criança está à altura do destino do homem: deputado e pastor da IURD. Um predestinado.

 

"Deputado sergipano condena criação da "Igreja Gay"

 

O deputado estadual e pastor Mardoqueu Bodano (PL-SE) se posicionou contra a criação da Igreja Gay, que está sendo organizada há pelo menos três semanas por homossexuais sergipanos.

Para ele, "o homossexualismo vai de encontro à palavra de Deus, que criou o homem sendo a sua imagem e semelhança e fez a mulher para ser a sua companheira". Bodano lembrou que a igreja é uma congregação religiosa que abriga todos os que se sentirem oprimidos ou desejarem orar a Deus sem objeto de discriminação e não é uma instituição segmentada e apenas voltada para os gays.

"A igreja é uma instituição para se redimir dos pecados e uma boa oportunidade dessas pessoas tirarem o diabo de suas vidas, este espírito maligno que gera toda essa situação de homossexualismo", disse Mardoqueu, ressaltando que se o ser humano pensar um pouco mais em Deus não há espaço para este tipo de discussão.

Segundo o parlamentar, que é pastor da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), Deus criou a mulher para poder ajudar o homem, principalmente nos momentos mais difíceis de nossas vidas. Para ele, o ser humano não pode ir de encontro à natureza e o homossexualismo, até que se prove o contrário, não atende os princípios regidos pela bíblia sagrada. 

 

 

Por outro lado, não é que as paradas gays me incomodem. Na essência das coisas, não são muito diferentes de quaisquer outras manifestações pelos direitos de pessoas a coisas. São tão populosas e ruidosas como qualquer passeata da CGTP, por exemplo. Também, são tão coloridas e musicais como a Festa do Avante. E é bem verdade que são muito mais divertidas do que os eventos exemplificativos indicados. Quer dizer, não há dúvida que, ali, o pessoal diverte-se imenso. Aliás gay quer dizer... isso mesmo: alegre.

 

No entanto, confesso, estranho a ideia de misturar pão com circo. Quem costuma dar o circo dá o pão também. Neste caso, não. O povo pedinte é que faz o circo. Não entendo. Não entendo, sobretudo porque, parece-me, no meio de tanta palhaçada alguém se vai recusar a entregar as bolas de padaria. Provavelmente, estou a ser reaccionária. Porque não se há-de misturar assuntos sérios com diversão? Sim. Estou a ser reaccionária. Tal como os governos e a generalidade dos indivíduos que integram as sociedades modernas.

 

As imagens e os excertos jornalísticos que se seguem foram publicados em meios de comunicação social de grande divulgação. Reportam-se a factos ridículos. Exibem aparências e comportamentos ridículos. Toda a gente percebe que os gays que vão às paradas gays não são todos assim. Provavelmente, nem, sequer, a maioria. Contudo, os que aparecem são estes. Os chocantemente ridículos. Pelo excesso de liberdadade coartada. Como é evidente, a Reuters e os outros agentes da notícia não trabalham em cima da normalidade. Será que os gays não percebem isto? Ou, se percebem, não se importam? 

 

 

 

 

 

stats

What I Am

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Em destaque no SAPO Blogs
pub