"A BRASILEIRA" DO CHIADO
Cat2007
24.03.17
Era uma vez eu sozinha na esplanada da Brasileira do Chiado. Quando me apercebi, já tinha dado mais de cinco euros em esmolas. E apercebi-me quando o mesmo pedinte se apresentou pela segunda vez. Até então estava muito distraída a distribuir moedas. Depois pensei que não podia ser assim. Que é materialmente impossível “dar qualquer coisinha” a cada um que nos pede. Ou seja, a todos. Assim sendo, a solução mais justa é não dar nada a ninguém. Foi o que conclui e coloquei em prática a partir dessa altura. Não obstante, fico triste quando me pedem. Além de que, pese embora a decisão tomada, sinto-me culpada por não dar. É por isso que baixo a cabeça, evitando cruzar o meu olhar com o deles.
Os padres dizem: “façam o que eu digo. Não façam o que eu faço”. Não sei se dizem realmente. Mas o meu pai disse que sim quando eu, em miúda, lhe perguntei se os padres pecavam. Seja como for, a frase significa que há duas formas distintas de agir. A nossa forma real de agir e aquela que não se concretiza e que tem a ver com o modo como pensamos que seria melhor atuar.
Num teste de inteligência emocional, que fiz há algum tempo, vinha uma pergunta sobre o tema dos pedintes. E uma das hipóteses de resposta coincidia precisamente com a minha atitude atrás indicada. Baixar os olhos. A questão é que eu não dei esta resposta. Por isso fiquei sem saber o significado da mesma.
De resto, fui mal avaliada nesse teste. Ou melhor, fui bem avaliada. Não tive boa nota. Porque estive sempre a responder com o que me parecia mais apropriado. Creio que em nenhuma questão respondi em consonância com os termos em que fazia as coisas. O que está mal. E daí o referido mau resultado.