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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

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A FELICIDADE É UM PONTO DE VISTA PESSOAL


Tita

14.06.17

Resultado de imagem para bertrand russell em busca da felicidade

 

Porque é que alguém se há-de lembrar de uma colega da escola primária? Isto se nenhuma teve um significado especial. É verdade. Não gostava de especialmente de nenhuma menina. Passo as classes todas. Da 1.ª à 4.ª. E não me lembro de ninguém com exactidão.

 

Talvez fosse estranha. Entre os 5 e meio e os 9 eu devia ser estranha. O que farão hoje em dia as pessoas de quem eu não me lembro? Uma só. Será feliz? Que pergunta parva. Aposto que não. Apenas porque a felicidade é um ponto de vista pessoal e a maior parte das pessoas não atina com isso.

 

Só conheci duas pessoas na vida que se declararam felizes. Declararam-mo. Confesso que fiquei escandalizada na altura. O meu pai e um ex-namorado. Escandalizou-me a convicção e a certeza.

 

Depois do choque, reflecti em ambos os casos. A felicidade nada tinha a ver com posses materiais, realizações profissionais ou com o amor. A coisa estava toda no chão. Ambos tinham os pés muito bem assentes no chão. Que não era chão, mas uma base constituída por um conjunto de certezas sobre as quais actuavam no dia-a-dia. Uma pessoa pode ser feliz se tiver mais ou menos a certeza sobre aquilo que lhe vai acontecer. Embora, antes de mais, seja preciso ser saudável. E sentir que sim. Era o caso. Também não eram demasiado introspectivos. Suficientemente Inteligentes para manter o raciocínio virado para fora. Sabiam intuitivamente que, a partir de um certo ponto, pensar sobre o eu é como fazer um caminho para dentro de uma gruta onde não há mais nada para descobrir para além de escuridão, humidade e pedra. Não sei se leram o Bertrand Russell.

 

Em resumo, o que estes dois tinham era confiança. Em si. Nos outros. E nos imponderáveis da vida. Esta ordem não é aleatória. Em si. Nos outros. Nos imponderáveis da vida. Um tipo que confia em si mesmo acredita que é capaz de resolver qualquer problema vindo dos demais ou do acaso. E se não for capaz, é porque não pode. Aceita. Não se culpabiliza. Nem se acha um fraco. Um tipo confiante é humilde.

 

Se houvesse alguém na minha escola primária que fosse humilde eu lembrava-me. Talvez não pudesse dizer o que faz hoje. Porque o percurso de vida de uma pessoa humilde corre mais ou menos como um rio. Quero dizer, acontece naturalmente. Nesta naturalidade, um ser humano pode acabar a vender bolas de Berlim na praia ou construir um império económico. Em qualquer dos casos, não é onde cada um acaba que define a sua felicidade. Se me lembrasse de alguém que fosse genuinamente humilde da minha escola, era capaz de apostar que hoje é feliz.

 

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