ADOLESCÊNCIA FELIZ
Cat2007
22.04.20
Como é sabido, por razões essencialmente fundadas em questões hormonais, os adolescentes estão sempre apaixonados. Além disso, como odeiam, rejeitando globalmente os pais, os “teen” têm uma necessidade exacerbada de aceitação. No seio do grupo. Assim, quem não se enquadre, tem de fingir que está enquadrado. Ou seja, quem não se apaixona, inventa. Era o meu caso. Para alem do que fazia nas aulas de educação física, ainda praticava 14 horas de desporto por semana. De maneira que me apresentava sempre mais ou menos equilibrada (do ponto de vista hormonal). Portanto, como ia dizendo, eu inventava. Então, no início de cada ano letivo, escolhia o rapaz de quem haveria de gostar, preferindo o que, por esta ou aquela razão, me parecesse menos acessível. Depois, era só contar discretamente a uma ou outra colega - digo discretamente porque não queria que parecesse mentira ou estranho. Claro que nunca concretizava nada, passando por mal-amada. Mas isso era o que se passava com a maioria das outras colegas. Enfim, foi tudo excelente. Estes procedimentos permitiam-me parecer parvinha, como de certo modo era pretendido, e, ao mesmo tempo, dedicar-me por inteiro às coisas que queria e gostava de mesmo fazer: jogar, estar com os amigos, ler e aprender. É por isso que toda a minha adolescência foi muito feliz.