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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

AS PESSOAS QUE "ADORAM"


Tita

10.02.17

Resultado de imagem para chicken tikka masala

 

Vim agora de um almoço de comida indiana. Estou um bocadinho cheia, na verdade. Comi o mesmo do costume: chicken tikka masala. Adoro. Não obstante, privei-me da sobremesa de chocolate. Que também adoro. Sim porque isto aqui não é nenhuma máquina de empacotar.

 

Pois bem, vejo-me a dizer que “adoro” (o que, no seu significado mais coloquial, quer dizer gostar muito de alguém ou de alguma coisa) e lembro-me logo daquelas pessoas que “adoram”. Já me dei conta que as pessoas do “adoro” “adoram” sobretudo mais objetos ou eventos e menos pessoas. Mas quando engraçam com alguém, nomeadamente por causa das camisas lindas ou pelo charme ou, simplesmente, porque é bem-nascido, “adoram” também.

 

Claro que percebo a mecânica desta coisa. É muito mais fácil adorar do que gostar sinceramente de alguém. Até porque adorar se pode referir a coisas ou a pessoas, como disse. O que cheira a equivalência. Assim sendo, não gosto nada que me adorem, como gostam de umas cortinas “ma-ra-vi-lho-sas!”. Sempre com ponto de exclamação.

 

A certa altura, aconteceu-me uma pessoa que me “a-do-ra-va”. Numa semana propôs-me que fossemos “irmãs”. E eu: “?????”. A proposta não deixava de ser tentadora, no entanto. Porque não tenho irmãs e gostava sinceramente de ter pelo menos uma. Assim, tocava-me num ponto fraco. Mas não cedi. Antes, bati-me pela liberdade de o tempo passar sobre os afetos das pessoas, alterando-os no sentido da respetiva profundidade. Caso pudesse suceder.

 

Creio que esta minha atitude poderia ter causado desconfiança. Se do outro lado houvesse uma consciência, teria acontecido uma imediata consciencialização de que não falávamos a mesma linguagem afetiva. Mas não. Antes pelo contrário, passei a viver acompanhada de uma irmã adotiva que me assoberbava a existência com a sua presença constante e tantas vezes inoportuna.

 

Seja como for, volvido algum tempo, ela começou a ter ciúmes cegos por causa do namorado. Pessoa bastante gostável como pessoa (mais do que ela) mas que não me interessava para tais fins.

 

Pois as pessoas do “adoro” são assim bastante desconfiadas. Esperam que toda a gente saiba “adorar” tanto como elas. E como conhecem exatamente a que nível ”adoram”, arranjam sempre argumentos para justificarem mais uma desilusão. Ainda que imaginada.

 

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