HUMORES
Tita
17.01.17
Alguém anda a dizer-me que tenho que ler três páginas de um livro. Três páginas que falam da abstinência do álcool. Por acaso tenho bastante curiosidade. É natural que tenha havido ataques de pânico. Tenho curiosidade em saber como outras pessoas, para além de mim (que há muito tempo tive disso), foram vítimas, lidaram e ultrapassaram crises de pânico.
Não estou a falar deste assunto para me por agora com considerações sobre o mesmo. Sobre o pânico. Apenas queria dizer que vou ler aquelas três páginas. Até porque acresce que vivi em tempos com uma pessoa que era alcoólica. Vou documentar-me mais um pouco. Embora seja certo que nunca assisti a uma crise de abstinência.
Não obstante o que fica dito, sempre é certo que não vim aqui para tratar de temas desagradáveis. Agora o que me apetecia era escrever sobre coisas divertidas. Certa vez, uma pessoa, que é fisioterapeuta num hospital, contou-me que lhe sucedia, por vezes, fazer manipulações a pessoas mortas. Por não ser possível aperceber-se do facto. Com efeito, eram pessoas que estavam nos cuidados intensivos. Creio que há qualquer coisa de divertido nisto.
Hoje de manhã passou no rádio do carro o Rehab da Amy Winehouse. Há muito tempo que não ouvia. Adorei. E fiquei a pensar (como é obrigatório) no lugar comum: o desaparecimento dela foi uma perda enorme.
A propósito, de manhã gosto de ir a ouvir umas pessoas que falam imenso e que dizem piadas sem graça nenhuma, bem como escolhem músicas (a maioria das músicas) que não me apetece. Creio que devia analisar isto. E analisando, concluo que me é necessário fazer o caminho para o trabalho já mergulhada numa realidade semelhante à que eu vou encontrar. Não que vá ouvir música ou alguma coisa do género. No entanto, o espírito é o mesmo.
Sempre detestei estar perto de gente mal-humorada. Não que tenha necessidade de estar perto de pessoas cheias de bom humor (embora aprecie bastante). Mas gente mal-humorada faz-me bastante diferença. Tendo a ficar desgastada. Logo irritável, como as crianças. Mas tento disfarçar, ainda assim. Na verdade, não vejo razão para não sermos sempre cordiais e bem-dispostos. Mesmo que as coisas não estejam a correr muito bem. Todos temos problemas. E todos haveremos de ter sempre problemas. Eu faço um esforço. Creio que, quanto mais chatices tenho, mais agradável me torno. O que faz todo o sentido. Quanto maiores os problemas menores as nossas capacidades para os resolver. Quando as coisas me fogem das mãos, dá-me para rir. É por causa do alívio de saber que não posso, logo não vou, fazer nada.