NECESSIDADE DE AFIRMAÇÃO
Tita
18.01.17
Tenho andado a pensar sobre a questão da necessidade, que algumas pessoas (cada vez mais) demonstram, de afirmação. É a afirmação do eu. Eu sei (de cultura geral ou conhecimento técnico). Eu tenho (bens materiais). Eu faço (coisas que muito poucos podem fazer). O eu de cada um é, assim, constituído por tudo o que cada um sabe, tem ou faz. E é através destes elementos que, do lado de fora, se observa o eu das outras pessoas. E é por isso que as pessoas tendem a sublinhar tais elementos. Falo de relações que não são de amizade ou amor.
Creio que a questão aqui é de balanço. Se não há balanço, os indivíduos tornam-se, num primeiro ponto de análise, extremamente chatos. O balanço faz-se através de um processo cujo objetivo é evitar a colisão dos eus. Portanto, quando há quem exagere há sempre quem se chateie.
Por vezes, no entanto, ocorrem duelos. Quando um eu se está a afirmar e o eu recetor se torna em emissor, como é próprio do processo de comunicação, e faz o mesmo de volta. Porque também é um chato.
A minha questão ao escrever estas coisas tem a ver com o que eu gostaria de dizer sobre as mesmas. E que é: não vale a pena insistir nesta conduta. Toda a gente percebe que a necessidade de afirmação tem a ver com a busca de afeto e tem na origem a falta de afeto. E que, portanto, ninguém é imbecil ao ponto de se meter a dar afeto a um chato.