O EQUÍVOCO
Tita
25.09.20
Uma vez, perguntei a uma pessoa de quem nunca me separava um instante o que sentia por mim. Disse-me: “odeio-te profundamente!”. Basicamente porque se sentia sempre disponível para mim, e por mais esta ou aquela razão da mesma índole de que já não me lembro. Fiquei um tanto desconcertada. Porque era a primeira vez que alguém me dizia tanto afeto em tais termos. A mim, que imaginava sentir-me apenas sua amiga. A questão é que a questão é sempre mais complicada do que isso. Ou seja, não é possível responder a uma paixão inteligente feita em raiva sem sentir igualmente uma paixão complexa. E, na verdade, se essa pessoa não podia dizer-me não, eu procurava-a a todo o momento, sem que existisse outra com quem quisesse estar. E, no entanto, talvez lamentavelmente, nunca fizémos amor.