PROCRASTINAR
Tita
24.01.17
Devo dizer que não gosto muito de começar coisas. Tenho a mania de que não vou pegar de jeito. Com efeito, sucede-me pensar que talvez não tenha entendimento para abarcar as realidades novas. Assim, em vez de ir logo ver do que se trata, tendo a afastar-me. E ponho-me a procrastinar, portanto.
Estou a falar de trabalho, claro. O que sucede depois é que tenho que fazer sob pressão. E então tudo se torna fazível. Apenas trabalhoso.
Na verdade, o que eu não gosto mesmo é de trabalhar. Esqueça-se o que eu disse sobre os assuntos novos. Claro que vou pegar de jeito nas coisas. Pois se as coisas são a minha profissão! O que não gosto é do esforço. Ter que o despender.
O Ricardo Araújo Pereira disse uma vez que se esforçou sempre imenso para não ter de trabalhar. E, disse ele, conseguiu. Percebo. Tudo o que o homem faz, que é meritório, surge-lhe sem esforço. E ele identifica esforço com trabalho. Eu também.
Por exemplo, escrever aqui não me importa qualquer esforço. É, antes pelo contrário, um prazer. É por isso que tudo me sai escorreito. Não sei se bom ou se mau. Mas sai fácil. Se não venho aqui mais vezes é porque estou a esforçar-me noutros lados. Ou seja, não estou bem.
Em consequência de ter andado a procrastinar uns tempos, acumularam-se coisas para fazer. Quando vi, era um monte de coisas. Tive que me dedicar. Ao esforço. E lá meti tudo em dia. Agora estou a sentir-me aliviada. E importante. Importante sim. Porque tenho muito respeito e consideração pelas pessoas que se esforçam e chegam aos objetivos. Considero-me, assim, respeitável. Neste momento.