A Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, é vulgarmente chamada por FBAUL e está sediada no Convento de S. Francisco, ali no Largo da Academia Nacional de Belas Artes, ao Chiado.
Intrincado e misterioso, como uma mulher divinamente sedutora, o maravilhoso Convento não se deixa conhecer. Apenas cede a oportunidade de admirar os seus grandes corredores e pátios, salas de aula, oficinas, laboratórios, auditórios, a cisterna e, também, o telhado.
Para tudo o mais, que existe, e parece ter sido inventado pela cabeça de Dickens, há que ter uma paciência motivada e dispor de aturado tempo.
São cantos e recantos, pequenos corredores e vãos de escada extraordinários e intermináveis, onde facilmente uma pessoa se perde, como se deixa perder numa paixão.
Trabalhar no Convento é muito bom. Renova-nos. Uma pessoa anda pelos corredores e sente um certo aconchego e chega a sonhar de olhos arregalados.
Espantei-me com o que vi, por exemplo, do Acervo de Pintura da FBAUL.
E com as esculturas que foram postas na minha sala.
Mil vezes me fascinei com a maravilha de projetos e atividades que ali se fazem.
Acho as aulas, e sobretudo as provas de pintura, por exemplo, o um exemplo feliz de felicidade excêntrica.
Parece incrível o talento dos profissionais das oficinas e laboratórios.
Os alunos são incomuns porque não têm aquela energia jovial acéfala e abrutalhada que é comum a imensos estudantes do ensino superior.
Com exceção, talvez, dos alunos de Direito, por razões que não são aqui tema, coitados.
Não sei como se comportam nas aulas. Mas cá fora, os nossos alunos são, comparativamente, bastante mais educados que os demais do ensino superior. Porque são jovens que se comportam e falam num tom normal.
E, já agora, em minha opinião, têm imensa pinta dentro do seu estilo.
Achei sempre graça ao facto de se poder ir ao pátio cheio deles sentados e observá-los a falar uns com os outros sem nunca estarem aos gritos ou vê-los amiude muito concentrados a estragar, sem qualquer noção disso, o material da esplanada.
No entanto, a espalhar automaticamente sobre aqueles objetos a arte que lhes vem de dentro. E a arte é tão para a vida!
Foi emocionante de cada vez que pude sentir o talento, o amor intenso e a dedicação de tantos professores ao seu trabalho.
E, no entanto, foi duro olhar para eles e perceber que acusam um certo cansaço.
Falo apenas com o meu testemunho.
Apaixonei-me pela Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, Portugal. Por aquilo que é a sua verdadeira essência. Talvez até possa ser amor.
Até sempre.
Feliz Natal FBAUL!