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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

DAR E NÃO RECEBER OU AS ÁREAS DE SERVIÇOS


Tita

02.04.18

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Sou uma pessoa disponível. Costumo emprestar o ouvido muitas vezes. De outras vezes, mais do que isso, sou capaz de me prestar a alterar algumas rotinas (preciosas) da minha vida de acordo com necessidades alheias.

 

Tenho um âmbito alargado de disponibilidades. É por ser tão alargado que as pessoas que se julgam usuárias de mim pensam que não existem fronteiras ou limites.

 

Entendo a vida como uma experiência partilhada. Em que, precisamente, partilhamos. Damos e recebemos. Os meus limites estão na incapacidade que o outro tem de dar. Na verdade, as pessoas com quem me dou têm que me dar porque é assim que as coisas funcionam de uma maneira saudável. Pode não ser mais do que eu lhes concedo mas tem de ser o que eu preciso.

 

Sucede que, na maior parte dos casos, as pessoas só se expressam em generosidade quando lhes fazem sentir que de outra forma não dá para dar. Ou seja, se não dão também não hão-de receber. Mas este não é o meu caso. No meu caso, não costumo dizer nada. A não ser que basta quando de facto já basta.

 

Devo dizer que, no entanto, sou mais ou menos autossuficiente. Preciso de muito pouco que não consiga pelos meus próprios meios. Por outro lado, dispenso as mais das vezes os ouvidos alheios. Mas irritam-me os pedinchões por vocação. Porque estes não se lembram que têm que se lembrar dos outros. Ou seja, mesmo que não precise de muita coisa, gosto de saber que há disponibilidade para ser generoso comigo. Uma ou outra delicadeza cai-me bem, quero dizer. Não interessa, portanto, o que me dão. Importa-me mais que se importem comigo. Que haja a abertura para dar. Ainda que seja nada de especial.

 

O CORPO É QUE SABE


Tita

31.10.16

 

Os fenómenos físicos são o nosso barómetro mais fiável. Ou seja,  o corpo é que sabe. Toda a gente sabe. Portanto, desconfio de afirmações como "o meu peito encheu-se de alegria". Não. Porque o peito está mais leve. Se está mais leve, não pode estar cheio, mas vazio ou a caminhar para isso.

 

A importância das coisas importantes da vida quanto vale no seu todo? Em que estado ficarão as nossas coisas importantes face à realidade espelhada no Orçamento do Estado? O que é importante? São as aquisições, as procissões, as exibições, as representações e as apresentações? O que me importa pode ser medido em função do PIB?

 

O que é importante para mim? faço esta pergunta a partir de um ponto em que me encontro descentrada de mim mesma. Pouco interessada nos meus interesses de consumo imediato. E lembro que dentro deste conceito de consumo imediato cabe o sexo, ou o amor, ou outro tipo de afecto ou lá o que se queira chamar aos fenómenos.

 

O que é importante para mim? Faço a pergunta a pensar exclusivamente em mim. É assim que funciona. Embora pareça estranho. O que é importante para mim é uma questão universal que para o ser efectivamente deve ser colocada por cada um de nós. Por todos nós. E assim se atinge a universalidade. Cada pessoa a perguntar: "o que é importante para mim?".

 

Está errado por princípio questionar sobre o que é importante para os outros. E também está errado pelos princípios. Quando queremos saber dos outros antes de saber de nós raramente estamos de boa fé. Sustento esta afirmação com o instinto de sobrevivência. Uma pulsão natural que nos leva sempre a fazer as coisas mais correctas à luz dos princípios. E parece até que moral e instinto nada têm a ver. Mas têm. Com efeito, existe uma Lei Natural que rege todas estas coisas. De forma que tudo se encaixa. Nenhum ser humano mal preservado tem capacidade ou qualidade para partilhar positivo. Só negativo. Por vezes, meio negativo e meio positivo. Mas o meio negativo e o meio positivo não existem. Só a dúvida. A dúvida sobre a bondade de alguma coisa faz dela automaticamente uma coisa má. O bom não é meio nem mais ou menos. É bom. Se não é bom é mau.

 

Por exemplo, uma casa mal construída será sempre uma má casa. Não é aceitável que se diga "é uma casa com um bom quintal, mas tem um mau telhado e uns péssimos esgotos. Embora, as paredes sejam muito sólidas. Assim, é uma casa mais ou menos boa". Ninguém quer uma casa mais ou menos boa. Mesmo que tenha uma grande área. O bom e o mau estão relacionados com a utilidade e a expectativa que as coisas podem dar às pessoas.

 

Quem quer dar o que não tem só pode estar a querer enganar os seus visados. As boas intenções são suportadas por capacidades sólidas. As boas intenções irritam qualquer um porque são mais um modo de tentar obter satisfações pessoais. Dar não pode ser um acto pensado nem com especificas motivações. Dar é uma pulsão natural do ser vivo que está bem. Dar a voz. Dar o olhar. Dar a pele. Dar o suor. Dar o ombro. Dar a mão. Dar o tempo. Dar por instinto. Não há outra forma efectiva e util de dar.

 

O que é importante para mim? O que me lava a angustia? O que me faz sorrir porque respiro na plena capacidade dos meus pulmões soltos? Sorrir a sério talvez seja a maior das dádivas. Pela boa energia que instala. O Orçamento do Estado tira-me a capacidade de sorrir? Em caso afirmativo, o caminho que tenho a percorrer ainda é longo. Se falo do Orçamento do Estado é porque nem por sombras é para aqui chamado mas está na ordem do dia. Procuro ser actual, portanto.

 

O consumo. O consumo engorda. Ponto final. As pessoas querem dar e receber coisas de consumo. Por aqui medem o nível da generosidade do mundo. E depois admiram-se que se vejam envolvidas numa teia de relações de interesses que em nada satisfaz as suas necessidades ou, quando satisfaz, cria outras piores. Coisas que ninguém estava à espera. O antidepressivos, por exemplo, são coisas que os seus actuais consumidores não estavam à espera de ter de consumir. O médico deu a receita. O doente pagou a consulta. O doente nunca pensou que um dia ficaria assim doente.

 

Na verdade, o nivel de consumo necessário também se mede pelos indicadores fornecidos pelo instinto de sobrevivência. Tudo o mais que precisamos são valores. Quem não percebe isto, não vive, inventa fantasias tão letais como as SCUTS.  O instinto de sobrevivência manda essencialmente adquirir valores. A justiça, a lealdade, a verdade, a honestidade, o esforço, o trabalho. Os valores encaminham-nos para a paz pessoal. A paz pessoal liberta-nos os pulmões para nos abrir o sorriso. De sorriso aberto podemos dar tudo o que temos. Porque tudo o que temos pode ser dado sempre e a todos sem nunca se gastar.

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