A "VACA FRIA": AUTOESTIMA
Tita
02.10.21
Voltando à “vaca fria”. A autoestima. Já escrevi algumas coisas sobre este tema. Porém, acabo a confessar que não tenho uma ideia muito sólida sobre o conceito e o significado. Assim vou escrever. A ver se surge alguma ideia aproveitável. Só para ver.
Lembro-me de ser pequena e pensar que não queria ser outra pessoa que não eu própria. Outra pessoa mais rica ou mais bonita, por exemplo. Se fosse para deixar de ter a cara que tenho. Se fosse para deixar de pensar o mundo como eu o vejo. Se fosse para deixar de sentir a vida como sinto. Não queria. Isto acontecia-me, estes pensamentos, quando, precisamente, aparecia uma menina da minha idade aparentemente mais bem colocada em relação a um contexto comum. Que era aquele em que me encontrava confrontada com ela. Creio, então, que tenho autoestima. Pois se não quero ser outra pessoa por ter pena de perder a pessoa que sou…
Na verdade, por outro lado, há muitas coisas que eu queria, mas não possuo. E, a este propósito, adiantaria que gostava de ter uma alma melhor. Ser melhor pessoa, portanto. Not that I consider myself as an evil person. Não é isso. Mas acho que podemos sempre ser melhores. Mais solidários. Mais generosos. Gostava de ter aquela espécie de grandiosidade própria das pessoas sinceramente humildes e viradas para fora de si mesmas. Igualmente, queria ser bem comportada quando não me porto bem. Na medida em que podia ser menos egoísta. Menos orgulhosa. E menos competitiva. Mais compreensiva. E, portanto, menos passivo-agressiva. Há, pois, diversas coisas em mim de que, factualmente, não gosto. Mas significa isto que não tenho autoestima? Não pode ser. Porque não há gente perfeita, como é sabido.
Antes pelo contrário, a autoestima nada tem a ver com os nossos defeitos e qualidades enquanto realidades pensadas do ponto de vista pessoal. A autoestima é um certo tipo de noção interiorizada, marcada, de que temos mérito suficiente para sermos amados.
E assim sendo, termino a dizer, porque me ocorreu agora, que percebo mal e antipatizo com as pessoas que amam quem não as ama de volta. Ou seja, a falta de autoestima. Claro que podia ser mais compreensiva. Mas tenho este defeito de não o ser muito, como referi.