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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

A IDADE É INCOMPETENTE


Tita

17.06.24

 

Não há exames científicos capazes de determinar a idade de uma pessoa -  Revista Galileu | Ciência

 

Primeiro, talvez, foram imaginados os segundos, os minutos, as horas, os dias, os meses, os anos, as décadas, os séculos e os milénios. E não, com certeza, por esta ordem.

A métrica foi criada depois das constatações humanas sobre os regularíssimos aparecimentos e desaparecimentos do sol e da lua.

Viu-se que, durante e sol, era mais fácil, por exemplo, trabalhar. Porque se via tudo. Sentiu-se, ainda, que a escuridão era mais apropriada para, nomeadamente, descansar face ao cansaço acumulado ao sol.

Por isso, a vida passou a fazer-se em tempos. O que faziam as pessoas, as famílias e as comunidades passou a medir-se e a pautar-se pelo tempo. O trabalho, o descanso, o lazer, o prazer e a procriação. Parece que “tudo tem o seu tempo. E há um tempo certo para tudo”.

Se fosse eu, diria “momento”. É que o tempo apenas constitui o resultado da aplicação de determinados indicadores de medida: horas… dias… milénios… O tempo é um guia. Não tem criação nem criatividade. Não é parte integrante da vida. O “momento” é que é o pedaço de vida que nos vai formando.

Só a vida cria e desmascara sem pudores e falsidades o vigor ou a decadência, lato sensu, de cada ser humano e das suas obras. O nascimento, o crescimento, o cansaço e a morte são noções dadas pela vida, e não pelo tempo.

E, no entanto, equivocamente, o foco das pessoas em geral é na idade.

Como referi, a idade não é um conceito existencial. A idade é uma conceção temporal. Por isso nada diz que seja muito útil e seguro. Por exemplo, “Que idade me dá?”; “Não sei, talvez…”; “Tenho…”; “Que bem que está, dava-lhe menos dez”.

Depois de sabermos a idade, ou quando imaginamos que pode ser tantos anos de tempo, passamos imediatamente a pensar, para o bem ou para o mal, ou para as duas coisas, uma série de disparates sobre as pessoas. Ora, empreender neste tipo de exercício corriqueiro, cria sérios equívocos, desconceitos e discussões. A desordem conceptual, pois. A confusão e a desorganização, portanto.

Há muitas formas de enganar o tempo, como sabemos. Mas não há forma de enganar a vida, que faz refletir no rosto, na pele, nos ossos e nos órgãos a profundidade dos afetos, da moral e da sabedoria de cada um.

Realmente, o tempo não diz nada de muito certo. No entanto, a conceção de idade é suscetível de indevidamente, por não dispor de quaisquer competências, influenciar e, mesmo, determinar a maneira com que cada pessoa vive a sua vida.

De facto, a mera conceção de idade, não tem qualquer relevância no universo afetivo, mental e físico das pessoas. A idade não pode, de facto, continuar a impedir que cada um possa dar confiantemente o melhor de si em cada momento da sua vida.

A ESTUPIDEZ QUE MAGOA


Tita

24.04.20

O padrão normal (e principal) que nos guia na identificação de idosos é a idade. A idade é achada através de uma operação matemática que envolve o ano do nascimento e o ano atual. Porém, na verdade, a idade de cada pessoa é o que a maior parte das outras entende que é. De maneira que, ao que consta, e independentemente do aspeto que possa ter e das “habilidades” que faça, depois de ultrapassar os 70, um individuo torna-se idoso.

Ora, em meu entender, a palavra idoso é absolutamente detestável, apesar das boas (?) intenções supostas. Um dia, se tudo correr dentro da normalidade, vamos ter mais de 70 anos. Haveremos de ser idosos. E como vamos odiar saber isso! Um idoso é um individuo de muita idade. Muita idade! Não com muitos anos de vida, como se canta nos "parabéns a você", note-se. Idade demais, pois. Demais. Porquê? Para quê? Talvez para estar vivo. Artroses demais. Comprimidos demais. Despesa social demais. Demasiada tristeza. Porque ser idoso é ser doente. Então, todos os doentes são idosos. Todos os inúteis são idosos. Porque todos os idosos são inúteis.

Realmente as generalizações sociais são decisões mentais, na generalidade, estúpidas. De um género de estupidez que magoa, faz mal. Esquecem sempre os ângulos concretos da vida. Tenho a certeza de que a grande maioria das pessoas incluídas no escalão etário dos idosos, não o são. Doentes, inúteis ou pobres de espírito. E, ainda que sejam tudo isto, ainda que vivam estas situações, não são idosos. São apenas doentes, inúteis ou pobres de espírito. Embora eu não acredite em pessoas assim. Só, talvez, em doentes. Nunca em pessoas a mais. Com que direito nós declaramos que certas pessoas têm idade demais?

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