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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

NÃO QUE PREFERISSE BRINCAR COM RAPAZES


Tita

28.05.21

 

Rumo a uma União da Igualdade | Portugal 2020

 

Quando era pequena, não preferia brincar com os rapazes. O que realmente gostava era das brincadeiras deles. Não queria ser um rapaz. Na verdade, o que tinha era pena de não ter muitas companheiras para brincar assim. Pelo menos, poderia ter uma irmã. Para ser como eu. Uma miúda que gostasse de liberdade. Mas não tive.

No entanto, ainda assim, no que diz respeito às brincadeiras, os meus irmãos não me distinguiam. Eu era como eles. A questão colocava-se lá fora.

Sob o controlo apertado das respetivas mães, as miúdas mal saiam de casa. A não ser para irem para casa das outras. Não tinha, pois, como disse, mais do que uma ou duas amigas. Talvez por isso, até hoje, não seja uma pessoa que goste de andar em grupos alargados.

Eu via bem que a minha mãe era substancialmente diferente. Uma mulher da liberdade. Sempre atenta às sensibilidades. Sempre a ver o que fazia as pessoas felizes, acreditando que a felicidade estava exatamente na possibilidade de cada um fazer as coisas de que gostava. Eu gostava de jogar à bola e de brincar com carrinhos, correr e subir árvores. Para ela estava muito bem.

Assim, se é verdade que as outras meninas acreditavam que não queriam nada comigo, é também certo que eu própria há muito as excluíra do meu contexto. Quanto aos rapazes com quem brincava, estes, embora me deixassem entrar no seu mundo, faziam questão de me lembrar que jamais deixaria de ser uma rapariga, logo inferior. Isto obrigou-me a correr mais, a jogar melhor, a subir mais alto, a arriscar mais e a distribuir chapadas para um lado e para outro. Tudo para me fazer respeitar.

Como se observa, não fui como, de resto, não sou poupada a uma certa solidão e ao stress. Difícil, muito difícil.

 

AS MULHERES PREFEREM OS HOMENS


Tita

28.11.17

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As mulheres preferem os homens.

 

Uma vez, não há muito tempo, perguntei sobre isso à minha mãe. Explicando: tenho quatro irmãos. E perguntei-lhe se gostava mais deles do que de mim. Disse-me que não. E quando era pequena, quando todos eramos pequenos? Nem pensar. Então eu… a única menina. Mas eu disse-lhe que era isso que sentia. Que, pelo menos em miúdos, ela preferia os miúdos. Manteve a negativa e acrescentou que eu não estava boa da cabeça. O que conclui daqui foi que a minha mãe não tinha noção. De como era mais protetora, carinhosa e preocupada. Com eles. Talvez isso tivesse a ver com a minha forte personalidade infantil. Andava sempre bem-disposta, nunca estava doente e raramente me queixava. Mas não tinha. Tinha a ver com o facto de eles serem rapazes. Talvez se trate da reprodução de comportamentos. É provável que a minha mãe não tivesse sido tão bem tratada como os irmãos dela e que, por causa disso, tivesse interiorizado que as raparigas não precisam de certas atenções. Ou de atenções. Ou das atenções que os rapazes precisam. Das mães.

 

Então o sexo forte não é o masculino e não é verdade que os homens não choram? Porque razão as mulheres protegem os homens se não é necessário? Então as meninas não são mais frágeis, mais delicadas? Porque razão as mães não lhes dão mais colo e, ao invés, as metem a brincar com tachinhos e panelinhas em miniatura? Sim, reprodução do modelo. Parece claro.

 

Parei aqui de escrever para ler o que está para trás. Verifico que estou a falar da inferioridade factual das mulheres. Quero dizer no campo dos factos. Nas coisas que todos os dias acontecem. As mulheres continuam, pelo menos a ser menos inteligentes e competentes do que os homens. E, passando-se as coisas assim, custa-me compreender a falta de solidariedade feminina. Mas não. Trata-se da reprodução do modelo. Com certeza.

 

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