UMA IDA AO INFERNO
Tita
28.06.18
“Se pecares vais para o inferno”. Esta é uma frase que é um clássico. Sempre que a ouvia em pequena pensava que, então, só pagaria pelos meus pecados depois de morta. Ora, como ainda faltava imenso tempo, tratava de andar na vida como melhor me parecia, sendo feliz, contrariando os sagrado preceitos. Mais à frente na vida haveria de pensar numa solução que impedisse a minha alma de ser lançada às chamas e salvar-me in extremis.
Ora, nada disto tem a ver como o livro que eu mais gostei até ao momento.
No Crime e Castigo, Dostoievsky conta a história de um jovem estudante de direito que, influenciado pela aura de Napoleão, andava a desenvolver uma teoria sobre a superioridade e a suprema libertação dos seres que matavam. Assim, sem razão e sem desígnio, matou. Uma velha agiota e sua filha. E como matou, resolveu roubar alguma coisa do que viu numa tentativa vã de justificar-se a si mesmo. Só que, como era de esperar, e apesar de ser paupérrimo, deitou tudo ao rio. Tudo o que roubou. Depois ficou doente e ainda mais miserável.
Chegada aqui, optei por não falar do meio. O meio é o mais impressionante da história. É o que mais nos toca. Portanto, não o digo, só o fim. Que é para não ser spoiler.
Bom, no fim ele foi para a Sibéria. Quer dizer, foi condenado a trabalhos forçados durante alguns anos. Isto é o fim.
Mas há também um final. No final, uma mulher amava-o. Por isso, ela também foi para a Sibéria. E nunca desistiu dele. E esperou por ele. Era uma mulher que ele também amava mas não se permitiu antes do fim.
Pois. Trata-se de uma história de amor, de consciência e de justiça. Um longo conto de humanidade. Vale a pena ler.