VIVER COMO DEVE SER
Tita
25.09.22
Como sabemos, pensar muito no passado pode ser um sintoma de depressão. Assim como estar sempre a imaginar como vão ficar as coisas no futuro, próximo ou nem tanto, causa ansiedade. Em qualquer dos casos, não vivemos a única realidade que podemos sentir na pele e nos nervos, e que é possível dominar, ajeitar ou reinventar: o dia de hoje.
Evidentemente, não é nada fácil viver o dia de hoje. É que ontem acabou de acontecer e deixou as suas impressões em nós. E amanhã está mesmo a chegar sem que a nossa realidade, o nosso contexto, esteja diferente no sentido que gostaríamos.
Olhamos para a vida como se o que foi e o que será estivessem diretamente ligados. O passado e o futuro. Nem pensamos no como é: agora. Ignoramos o agora. Sempre a olhar para o que devíamos ter feito melhor em momentos chave da nossa vida (regrets) e para o que achamos que é melhor fazer daqui para a frente (projection).
Claro que importa ter presente o passado na medida em que é verdade que “aprendemos com os erros” (para quem aprende). E, como é lógico, convém fazer coisas a pensar no futuro para, se não morrermos antes, pelo menos, prevenir eventualidades desagradáveis.
A questão é que passamos os dias como se cada dia não fosse muito relevante. Vamos levando e deixando passar. Num descuido estruturante que dá origem a descuidos pró-normativos diversos: falar do trabalho em casa numa base regular (mesmo que seja mais do mesmo), impacientar-nos mais ou menos à vontade com quem vive em nossa casa e, também, indisponibilizarmo-nos para quase tudo o que dá prazer ou nos relaxa porque estamos “muito cansados”, entre outros.
Ando a ver o que posso fazer. A “mexer” na minha atitude para o dia. Disciplina, determinação e self respect são os princípios que adotei. Como é sabido, todos os dias da semana temos as previsíveis chatices. Eu, como toda a gente, sei que tenho a capacidade de lidar com elas, resolvendo-as casuisticamente e, até, de “curtir” um bocado no meio disto tudo. Além disso, sei, como todos sabemos, qual é o tempo de vida diário que elas têm, o momento em que materialmente acabam, as chatices. O fim material de qualquer realidade dita a sua inexistência. E, depois, há tanto mar!